Temos a consciência de que uma remuneração semelhante a da NBA não será viável no NBB e, da mesma forma, de que a remuneração do NBB não é viável nas nossas federações.
Maria Thereza Rezende
Maria Thereza Rezende é profissional de Educação Física e atualmente está à frente da Coordenação de Arbitragem da Federação de Basquetebol do Estado do Rio de Janeiro. Thereza ainda atua como oficial de mesa em partidas, e é uma das representantes mais vocais da arbitragem brasileira.
Confira a entrevista sobre a atuação dos oficiais de mesa, os obstáculos na gestão da coordenação e sua caminhada na arbitragem.
– Qual é o desafio na gestão da coordenação de arbitragem da Federação?
A gestão de pessoas é uma arte. Coordenar oficiais de arbitragem que, na época em que eu nascia, alguns já apitavam competições de alto nível, é algo bem desafiador. Ainda que às vezes seja mal-interpretada, encaro da melhor forma possível – com alegria, entusiasmo e principalmente amor e dedicação ao basquetebol.
– A realidade financeira do esporte brasileiro, mesmo que profissionalizado, é muito diferente de uma liga como a NBA, por exemplo. Como fazer para lidar e superar dificuldades na escalação dos jogos e na própria gestão da coordenação com orçamento reduzido?
Um ponto muito difícil quando estamos nesse cargo é a remuneração dos oficiais de arbitragem e do que passa por algum tempo – sem reajustes-, mas também sabemos da realidade do nosso país e do mundo, principalmente nos últimos dois anos. Temos a consciência de que uma remuneração semelhante a da NBA não será viável no NBB e, da mesma forma, de que a remuneração do NBB não é viável nas nossas federações.

– Você atua em muitos jogos como oficial de mesa. Como consegue unir essa função e a rotina da FBERJ?
Essa sim é minha maior paixão – atuar como oficial de mesa! A cada escala que sai, ainda sinto aquelas “borboletas no estômago”; um misto de emoção, prazer, admiração e interesse.
– Muitos fãs desconhecem com detalhes a função dos três profissionais de mesa. Como é a atuação da mesa em um jogo?
Em jogos internacionais trabalhamos com quatro oficiais de mesa.
O apontador é responsável pelo registro na súmula de todas as informações pertinentes ao jogo: local, data e horário do jogo, registro das equipes, entradas de jogadores, pontos, faltas, tempos debitados, entre outros.
O assistente do apontador opera o placar e auxilia o cronometrista.
O cronometrista é responsável por cronometrar o tempo de jogo, tempos debitados e intervalos de jogo, entre outras atribuições.
O operador de 24 segundos liga ou reprograma o mesmo de acordo com o controle da bola viva e demais reajustes amparados pelas regras FIBA durante a posse das equipes.
Em jogos nacionais, trabalhamos com três oficiais de mesa: apontador, cronometrista e o operador de 24 segundos, com as mesmas funções citadas anteriormente. Neste caso, o próprio cronometrista, além de ser responsável por cronometrar o tempo de jogo, tempos debitados e intervalos de jogo, opera também o placar.
– Como começou no basquete?
O basquete entrou na minha vida em 2003, quando uma professora de uma escola me enviou ao Iguaçu Basquete Clube para eu fazer um teste em uma equipe.
Entrei para a Federação de Basquetebol do Estado do Rio de Janeiro – FBERJ como oficial de mesa em 2006. A partir daí, me apaixonei pelo esporte e principalmente por suas regras e situações de jogo – desde então, respiro basquetebol 24 horas por dia.
Em 2017 fui convidada a fazer uma prova para oficial de mesa internacional (FIBA), e neste ano recebi o convite do Presidente Daniel Riente para coordenar a arbitragem da FBERJ.
Foto de capa: Instagram/@therezabasquete