Alice Barbosa, jornalista e fundadora do Árbitros NBA
A trajetória dos árbitros que hoje atuam na NBA é semelhante a dos jogadores; com exceção do processo de draft, há o mesmo padrão do local de atuação, começando pelo ensino secundário – o conhecido high school dos EUA.
Os profissionais que estão geralmente nos últimos anos da universidade, cursando suas carreiras, e desejam ganhar um dinheiro extra, optam por iniciar a arbitrar depois de cursos profissionalizantes e o trabalho em algumas das ligas da high school. Muitos deles também foram atletas nas equipes de basquete das instituições, como Zach Zarba, 45 anos e 18 deles de NBA. Ele foi o capitão do time da SUNY New Paltz, onde se graduou em Ciências Políticas.

Após esse período, que em média dura de dois a três anos, os árbitros são selecionados para a NCAA, o basquete universitário dos EUA. E é nessa liga que a NBA começa a observação dos prospectos. O grupo oficial de scouting da NBA faz uma lista de 100 candidatos potenciais, que passam por diversos acampamentos e torneios.
Os candidatos que não são aprovados permanecem em uma lista de monitoramento para o ano seguinte. Os selecionados seguem para a G League, e também fazem seu primeiro contato com a NBA através de participações no Summer Camp de Las Vegas.
Os profissionais que entram na G League realizam até quatro temporadas na liga, participando da temporada regular, dos playoffs e finais. Nesse período eles têm contato com os árbitros que estão na NBA, através de reuniões, seminários e processos de mentoria.
Ao fim das competições, eles são avaliados e recomendados para trabalharem na WNBA e na NBA. Toda a experiência prévia comum à maioria dos árbitros nas outras ligas profissionais pode chegar a até 10 anos, ou seja: quando um profissional é selecionado para a liga masculina profissional, sua trajetória como árbitro já contabiliza quase uma década.
Não há uma idade ideal para que um profissional atue na NBA; isso depende de quando foi iniciada a carreira de arbitragem. Alguns já começam como estudantes, e passam anos conciliando a formação profissional universitária com o apito. E mesmo na NBA continuam com outras funções.
Brent Barnaky, 45 anos, é advogado e desde 2010 está na NBA. Ele acumulou 10 anos de experiência nas conferências e divisões universitárias da NCAA – período quando trabalhava como advogado em grandes escritórios -, e ainda hoje atua gratuitamente em causas legais sociais, defendendo clientes sem condições de pagarem pelos custos de um processo.

Outros decidem no início da vida adulta seguirem o caminho como árbitro, sem desempenharem outra função, como é o caso de Kane Fitzgerald, 40 anos, e há 12 atuando na liga. Após se formar na Centenary University, ele decidiu, aos 22 anos, ser árbitro em tempo integral – seguindo os passos de seu pai, um profissional do apito reconhecido nas ligas menores da região de Nova Jérsei. Desde os 18 anos Fitzgerald já arbitrava em partidas de high school no estado.

O caso do lituano naturalizado estadunidense Gediminas Petraitis, 32 anos, mescla as duas experiências acima. Ele até tentou conciliar a carreira de contador na PricewaterhouseCoopers, porém sua agenda em quadra aumentava, o que fazia com que apenas as noites não fossem suficientes para atuar como árbitro em jogos universitários.
De saídas do escritório algumas horas mais cedo que seus colegas da equipe financeira até um quase pedido de uma licença de três meses, Petraitis – também filho de um árbitro, Vidmantas, que atuou na NCAA – ficou envergonhado de escrever um e-mail solicitando à empresa um afastamento tão longo, e decidiu pendurar a calculadora e ser um árbitro full-time.
