O Philadelphia 76ers de Joel Embiid é um dos mais fortes concorrentes ao título da NBA deste ano. Com uma campanha de 18 vitórias e 10 derrotas, é o líder da conferência Leste, à frente de times como Milwaukee Bucks e Boston Celtics.
E falando na esquadra celta, o lendário treinador Red Auerbach, conhecido por seu temperamento quente, não era um grande fã dos homens que carregavam os apitos da liga, chegando a chutar a porta da sala dos árbitros no Boston Garden, gritando, em palavras impublicáveis, para que os profissionais “da Philadelphia” saíssem de lá.
Ed Rush, ex-supervisor da NBA do departamento de arbitragem, conta que sempre dizia a Red que “alguns desses caras são de regiões como Trenton ou Western Pennsylvania”. O técnico celta respondia que isso não importava. “Eles tiveram que passar pela Philadelphia”, arrematava Auerbach.
De 1961 até 2019, pelo menos um árbitro da cidade, e geralmente mais de um, foi escolhido para apitar as finais da NBA. A seleção dos profissionais que arbitrarão as partidas é feita através de indicadores recolhidos durante a fase de playoffs. E, claro, para que um árbitro chegue a essa fase anterior às finais, é porque foi previamente selecionado pelos índices durante a temporada.
Se no passado a fama dos árbitros da Philadelphia como profissionais com boa formação corria, hoje se consolidou e vive através de nomes que já fizeram história na NBA, como Joey Crawford; Steve Javie, hoje comentarista de arbitragem da ESPN; e Mike Callahan, atual líder de desenvolvimento e treinamento da liga.
Dos que ainda estão em quadra, o destaque vai para Ed Malloy, que coleciona até agora 10 finais e 116 partidas de playoffs em seus 19 anos de NBA. No vídeo abaixo, o árbitro conta qual é a emoção de receber uma jaqueta branca, utilizada nos jogos que decidirão quem será o campeão da liga.
Mas qual é o segredo para o destaque dado à especialidade dos árbitros da Philadelphia? A explicação é a qualidade do basquete praticado na cidade, desde as ligas de colégio até as amadoras de adultos e as universitárias.
Algumas dessas instituições e competições são conhecidas na área, como a Baker League, o torneio da Medalha de Ouro ou as ligas Margate and Wildwood. Essas são as quadras onde jovens e promissores árbitros começam a trilhar o caminho da profissão. E os passos a seguir, para que cheguem na NBA, quase sempre obedece a ordem de primeiro apitar jogos de escolas secundárias, depois alguma divisão da NCAA, a liga universitária, e daí já migrar para braços da NBA como G League e WNBA.
Há algo no céu da Philadelphia – e em suas quadras – que privilegia a paixão e o comprometimento com a bola laranja.
Foto do destaque: Gregg Popovich e Ed Malloy. Crédito: The Philadelphia Inquirer.